domingo, 31 de outubro de 2010

Desejo apenas uma lembrança.


Era dia 14 de Novembro de 1994, véspera da grande decisão entre Britto e Olívio. Eu não sabia o que estava acontecendo, eu não sabia onde estava nem quem eu era. Eu havia saído de um lugar tão aconchegante e calmo, que isso me feriu profundamente. A minha ligação foi cortada e eu entrei em um mundo onde as lutas ocorrem dentro de cada um e ninguém pode defender ninguém. Chorei, pois entrei na famosa estrada dos sonhos perdidos.


Os próximos seis anos após esse terrível acontecimento foram um pouco perturbados. As tias daquele lugar batiam palminha para eu falar “abc” e eu ficava um tanto estonteado naquele balanço velho. Quando essa fase foi passada, eu me senti um pouco melhor. Era estranho visitar aquele castelo cheio de classes, cadeiras e um quadro-negro. No meu primeiro dia como soldado do exército daquele castelo, eu não queria desgrudar do meu escudo. Eu não queria estar vulnerável àquela mulher que me fazia perguntas extremamente difíceis e eu não sabia responder. Foi então que ela começou a me testar. Ela pediu que todos os combatentes me olhassem enquanto eu respondia as continhas de multiplicação. Fiquei mais quatro anos nesse Bangu 1 infernal.

Me senti renovado, mas ainda assim eu continuava servo daquelas pessoas. Os testes começavam a valer minha ascendência no exército, e eu poderia até virar coronel. Permaneci nesses constantes obstáculos por outros quatro anos, e já começava a achar que a fase seguinte, a última delas, também levaria mais quatro. Foi então que tive uma surpresa.

A última fase desse jogo era a mais intensa. Comecei a me aventurar nesses brinquedos de química, calcular a velocidade de uma pedra, descobrir porque somos diferentes da mosca e até entender porque viemos dos macacos. Passei pela primeira fase tranquilamente, e foi lá que eu achei uma felicidade que nunca me fora concedida. Atualmente estou na segunda fase, a pior de todas. Aqui a comida é crua, gelada. É complicado conciliar tudo que nos é pedido, e por isso quase todos do batalhão passam por uma prova de choque. Ano que vem eu vou para a última fase, a do Chefão, e estarei livre. A fase decisiva. E para onde eu vou depois ? Para onde eu vou seguir ? Eu sempre soube que essa é a estrada dos sonhos perdidos, mas não sabia que isso seria tão grave.

Se há alguma coisa que eu não gostaria de viver ou gostaria de esquecer durante todos esses anos nessa vida sofrida, são os momentos que eu achei que nada valeria a pena, que eu não deveria mais lutar, que eu não conseguiria mais nada porque eu me julgava fraco. De um certo modo, eu ainda tenho muito caminho em frente, e só gostaria de ter as amizades verdadeiras por perto. Sem me apaixonar, sem ter as coisas facilmente, sem baladas e luzes psicodélicas. Quero apenas lembrar quando eu estiver com meus amigos na beira de uma praia qualquer, olhando o sol nascer e estiver sendo abraçado pelo vento.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

ALONE.



Não entendo como posso estar rodeados de amigos, mas mesmo assim me sentir sozinho. Parece que às vezes ainda falta alguma coisa. É extremamente comum você não encontrar ninguém para contar as novidades. O que mais me perturba é que sou sempre eu que tenho que tomar a iniciativa de tudo, quando na ver dade sou a pessoa mais fraca para tomar uma atitude que me envolve diretamente.
Poderia xingar com todos os palavrões possíveis o Mundo todo, mas quando eu abro os olhos e vejo quantos idiotas insistem em existir ao meu redor, me dou conta que eles não merecem nenhuma palavra de mim; até porque não irão me ouvir.
Certamente isso tudo cairá no esquecimento daqui a pouco, e eu poderei finalmente dizer que eu caminho sozinho na avenida dos sonhos perdidos.

Assinado por um relógio.